Quando falamos em gestão colaborativa, isso soa como algo utópico, afinal, em qual realidade o gestor é um parceiro e não o “dono do chicote”? Um ambiente em que todos participam e colaboram das decisões e estratégias de negócios lhe soa estranho? Perfeito demais, para ser uma realidade?

Nos últimos anos a liderança tem passado por constantes mudanças de paradigma. Observa-se que essa transformação se inicia no âmbito comportamental, onde a atitude do líder passa a se basear na construção de fortes relações de confiança e práticas colaborativas, ao invés de imposições e autoritarismo.

Independente de qual for o seu estilo de liderança, o objetivo não muda: influenciar e motivar pessoas para a trabalharem de forma engajada, visando atingir os objetivos. Contudo, a personalidade do líder influencia diretamente o seu estilo de liderança, além de outros aspéctos, como ambiente, projeto, partes interessadas, nível hierárquico, cultura organizacional da empresa, entre outros.

Incontestavelmente as abordagens ágeis vieram para ficar! Aliada a essa mudança de mindset está a necessidade do líder assumir seu papel como líder-servidor, e facilitar as mudanças de forma positiva, influenciando as pessoas e pares a adotarem a mesma postura, disseminar o conhecimento, e agir de forma colaborativa. A liderança positiva foi criada se apoiando nos conceitos da psicologia positiva, para entender, aplicar e disseminar os aspectos emocionalmente gratificantes em uma abordagem positiva, adaptável e criativa. Assim, a liderança positiva trouxe ao mundo corporativo esses conceitos, que dá ênfase ao que cada pessoa tem de melhor.

O líder que adota essa postura, é geralmente mais empático e se relaciona bem com os outros. É capaz de ouvir e compreender seus colaboradores, possui entusiasmo, e é capaz de transferir esse sentimento, mas acima de tudo, esse líder moderno possui o poder de uma postura mental positiva e tem um grande impacto sobre a produtividade das pessoas. Um líder positivo incentiva mudanças de atitude em seu ambiente, e consequentemente leva a um aumento mensurável no desempenho do seu time, que ao longo do tempo torna-se visível e tangível a toda organização. Os líderes que partilham emoções positivas têm colaboradores que possuem maior satisfação do trabalho, maior engajamento e, como consequência desempenho acima da média.

Mais do que influência, contudo, liderança é também transferência de convicção, otimismo, visão e propósito, e no processo, líderes que possuem essas características acabam inspirando seus colaboradores a acreditar e ter a mesma convicção, e consequentemente agir de acordo com ela, executando as tarefas com muito mais entusiasmo. Atitude e energia positivas são atraentes. Os melhores líderes sabem disso, e se preocupam em formas novos talentos e futuras lideranças.

Entendendo o conceito de Management 3.0

Antes de tudo, vamos entender um pouco sobre o surgimento da Gestão 3.0 e quais são os princípios deste estilo de liderança.

A gestão é importante demais para ser deixada apenas para os gerentes.

Essa frase é do palestrante holandês Jurgen Appelo. Ele defende que o ativo mais importante para uma organização são as pessoas e que a gestão tem que ser mais humanizada.

Também chamada de Gestão 3.0, tem como um de seus objetivos centrais o engajamento das pessoas, com todos focados em um único objetivo, propiciando entregas rápidas, ágeis e com qualidade, de modo a possibilitar a criação de novos produtos, elevando o valor da entrega e diminuindo a rotatividade das pessoas envolvidas nesse contexto. O foco é alavancar negócios com o envolvimento de todos.

6 princípios do Management 3.0

Jurgen Appelo, em seu livro “Management 3.0: Leading Agile Developers, Developing Agile Leaders”, sugere a aplicação seis visões para o sucesso na gestão de equipes:

“Energizar pessoas”

É importante engajar as pessoas e mantê-las sempre criativas e motivadas para fazerem o seu melhor, para que a estratégia tenha sucesso.

“Empoderar pessoas”

Os times devem ser auto-organizados e por isso precisam da autorização e confiança da gestão.

“Alinhar restrições”

Além de incentivar as pessoas a se autogestionarem, é importante trazer regras e limitações para que uma maior liberdade não se torne tóxica e prejudicial para a organização.

“Desenvolver competências”

A equipe que é auto-organizada, deve também ser autossuficiente. Por isso, é necessário capacitar os colaboradores. Explorar as habilidades e talentos faz parte do contexto e também podem ser criados times multidisciplinares, nos quais todos conseguem fazer sua parte para o andamento das atividades.

“Aumentar as estruturas”

Com maior foco na comunicação e colaboração entre os times se encoraja um crescimento consciente do negócio com foco na qualidade e melhoria contínua.

“Melhorar tudo”

Buscam-se melhorias constantes e os erros devem ser encarados como oportunidades de melhorias. Com isso, é possível alavancar o negócio de forma sustentável e previsível. PDCA na veia!

Management 3.0 ou Métodos Ágeis?

E lendo tudo o que escrevi até aqui, provavelmente você deve ter perguntado se isso não é a mesma coisa que Agile, não é mesmo? De fato, não é difícil se ouvir falar que a visão de Management 3.0 pode ser combinada (ou até confundida) com métodos ágeis e que tal abordagem pode gerar resultados simplesmente incríveis dentro deste ecossistema. Tudo porque ambas as filosofias têm algo em comum: valorizar o indivíduo. Vide o Manifesto Ágil, onde isso fica muito evidente!

Portanto, é possível afirmar que o conceito de Management 3.0 se adequa não somente a área de TI, e traz a proposta de uma nova abordagem de gestão de times, de modo a ter o engajamento e produtividade das pessoas, visando uma organização mais ágil assertiva nas decisões de negócio.

Adotar o Management 3.0?

Antes de tudo, vale ressaltar que o Management 3.0 é um conceito e não uma metodologia. Compreender as 6 visões é fundamental para alinhar a gestão e comunicação, de modo a aplicar o que for mais conveniente ao ecossistema em questão.

Por não ser uma metodologia, não existe a obrigatoriedade de seguir à risca as seis visões ao mesmo tempo e momento. Vale um estudo e planejamento consistentes para se decidir o que melhor se aplica e combina com as equipes/pessoas envolvidas.

O ponderamento antes da aplicação é tão importante quanto conhecer a fundo o conceito. Isso tem de ser muito bem mensurado, pois exige acima de tudo maturidade da equipe e pessoas que realmente possuam o perfil e característica de auto-organização e autonomia. Existem, por outro lado, pessoas que precisam ser direcionadas de forma mais direta, e não possuem a habilidade de fazer suas próprias escolhas, requerendo acompanhamento. Essa análise é crucial para o sucesso (ou fracasso) da aplicação do Management 3.0.

Outro aspecto interessante que é abordado no livro de Appelo é a contextualização e classificação das diferentes formas de gestão, conforme seguem:

“Management 1.0”

Conceito “Top-down”, pessoas são orientadas por comandos, com baixa liberdade nas decisões e criações. O poder está nas mãos de poucas pessoas, a estrutura de decisões vem de cima.

“Management 2.0”

Buscando melhorias e maturidade na gestão. Este estilo de liderança busca trazer melhorias na gestão e adota algumas técnicas mais eficazes, como a metodologia Six Sigma, Gestão de Qualidade Total (TQM) entre outros. Mesmo assim, a estrutura de decisões ainda “top-down”.

“Management 3.0”

Falamos um pouco acima. Visa valorizar pessoas e times. O foco é criar um ambiente colaborativo onde todos são responsáveis pelo sucesso (ou não) do negócio e cabe às equipes mensurar, organizar e realizar tarefas, descaracterizando a verticalidade da gestão.

E você? O que acha deste novo conceito, que também herda muitos valores do Agile? Gestão inteligente é aquela em que o gestor é um agente facilitador de modo a proporcionar um ambiente em que todos os indivíduos participam ativamente das decisões e solução, e consequentemente se engajam na entrega de valor. Imposição e verticalidade ainda funcionam nos dias de hoje?

BAIXE NOSSO E-BOOK GRATUÍTO!

BAIXE NOSSO E-BOOK GRATUÍTO!

Não enviamos spam. Seu e-mail está 100% seguro!

Sobre o Autor

Ricardo Arruda
Ricardo Arruda

Meu propósito é explorar e desenvolver o potencial humano, provendo e facilitando um ambiente colaborativo com muitas oportunidades de aprendizado. Aqui você encontra conteúdo de qualidade sobre Coaching e Agilidade!

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *