Antes de começar a falar de Lean, vamos esclarecer um ponto bem recorrente no que se refere a origem do termo e sua relação com o Toyota System Production:

O Lean nasceu em 1990 e foi descrito pela primeira vez pelo autor James P. Womack no livro “A máquina que mudou o mundo”, em que revela de que maneira os japoneses passaram na frente do resto do mundo na guerra da indústria automobilística, se baseando no detalhado estudo sobre este segmento. É um best-seller mundial traduzido para mais de 10 idiomas. Neste livro é mostrada a receita da Toyota para reduzir desperdícios e alcançar o máximo de excelência, super recomendo a leitura! 😊

Já o Toyota Production System nasceu no Japão após a segunda guerra mundial na Toyota. Os grandes responsáveis por esse sistema foram Taiichi Ohno, ex-diretor e vice-presidente da Toyota, Sakichi Toyoda, fundador do grupo Toyoda em 1902 e Eiji Toyoda, ex-presidente e engenheiro da Toyota.

O que significa o termo Lean?

Em uma tradução literal significa “enxuto”, mas cuidado! Enxuto não é ficar magro, mas sim ficar saudável! E seguindo essa linha de raciocínio e pensando no Lean como uma dieta, o desperdício é o excesso de gordura, a falta de controle de peso. Dessa maneira o Lean tem por objetivo reduzir estes desperdícios, equilibrando e gerenciando de maneira mais adequada estes “estoques“.

A mentalidade enxuta (Lean Thinking)

A mentalidade enxuta ou pensamento Lean estabelece que a empresa tem que focar no que agrega valor, de forma pragmática aquilo que não agrega valor gera custo, ou seja, o processo precisa fluir de uma maneira dinâmica sem que haja interrupções e eliminando o máximo de desperdícios. E quando falamos em processos, no final das contas o Lean busca a otimização do fluxo de caixa porque visa menos dinheiro alocado em matéria prima e produto acabado que não é vendável. Em um cenário como este, temos como diagnóstico que estes estoques são resultado de desperdícios e ineficiências que ocorreram ao longo do processo. Por exemplo: se existe um atraso ou imprevisto por parte de um fornecedor que iria entregar determinada matéria prima, por “segurança” teremos um estoque de matéria-prima maior para cobrir tais demandas de produção. Essa é a melhor estratégia? A adoção de um pensamento Lean consiste em adotar métodos que nos auxiliem enxergar esses desperdícios ao longo de toda a cadeia de valor dos nossos processos.

Falando em desperdícios, podemos citar algumas fontes, como:

  • Movimentação
  • Transporte
  • Espera
  • Estoque
  • Produção desnecessária
  • Produção em excesso
  • Subutilização dos talentos humanos

Ao iniciar com a transformação cultural e transição para o pensamento Lean, é importante que nos apeguemos aos 3 P’s, ou três questões negociais principais que devem conduzir tal transformação: Propósito, Pessoas e Processos.

  • Propósito: Qual o problema do cliente a empresa irá resolver para atingir seus próprios objetivos de prosperar?
  • Processos: Como a organização avaliará cada grande fluxo na cadeia de valor para garantir que cada passo é de fato relevante, eficaz, disponível, apropriado, flexível, e no total? Os passos são ligados pelo fluxo: puxar e nivelamento?
  • Pessoas: Como a empresa pode garantir que cada processo relevante tenha uma pessoa com a responsabilidade de analisar continuamente a cadeia de valor, em termos de objetivo do negócio e da filosofia Lean? Como as pessoas podem conduzir o fluxo de valor na cadeia completamente engajadas em operacionalizar corretamente este fluxo e focadas em melhorias contínuas (Kaizen)?

“Da mesma forma que o escultor necessita de uma visão daquilo o que pretende construir a fim de obter os benefícios da talhadeira e do martelo, pensadores Lean necessitam de uma visão antecipada para utilizar as ferramentas Lean”, disse Womack. Pensar profundamente sobre o propósito, processo, as pessoas são a chave para que isto aconteça.

Mas como sabemos se o Lean está efetivamente implantado na empresa?

Quando falamos em implementar a filosofia Lean, basicamente perseguimos a escala de cinco princípios básicos:

1. Especificar Valor

O Valor, refletido em seu preço de venda e demanda de mercado, deve ser definido pelo cliente apesar de ser produzido pelo fabricante, e o valor em um produto é criado pelo fabricante por meio de uma série de combinações, ações, atividades, processos, experiência de usabilidade. Este é ponto de partida para o Lean Thinking e o seu objetivo é eliminar as atividades desnecessárias, e preservar e aumentar aquelas que agregam valor para o cliente.

2. Mapear e alinhar Fluxo de Valor

Fluxo de Valor se denomina pelas atividades necessárias para a produção de todos os produtos ou serviços. Inclui todo fluxo de produção, desde a matéria-prima fornecida até chegar ao consumidor final. No caso de serviços quais as etapas para se prestar o serviço desejado. Inclui também o próprio fluxo do projeto, de sua concepção até o lançamento de um novo produto ou serviço no mercado.

3. Estabelecer Fluxo

O uso do Fluxo Contínuo proporciona a redução de esperas entre atividades e do nível de estoques, eliminando filas e permitindo produzir em conformidade com o ritmo da demanda. Em consequência, reduzimos etapas, tempos, custos e todos os esforços desnecessários (olha só, estamos falando novamente de desperdícios) permitindo observar o quanto cada atividade é necessária para o processo, mantendo sempre um fluxo contínuo de pedido e entrega.

4. Sistema de Produção Puxada

Um aspecto a ser observado no Lean é que se busca realmente a implantação de processos puxados, processos estes que são completamente controlados pela demanda e a visão “just in time“, isto é, fazer certo da primeira vez, no momento adequado, com a qualidade esperada e dentro da expectativa do cliente. Exemplo prático: um método de controle da produção em que as atividades de fluxo iniciais (pedido) avisam as atividades de fluxos posteriores (retirada do estoque ou embalamento) sobre suas necessidades, ou seja, tenta eliminar a produção em excesso.

5. Buscar a Perfeição, melhoria contínua

Como vimos acima, para enxergarmos as melhores oportunidades para atuação do Lean e eliminação de desperdícios, utilizamos uma ferramenta muito importante, chamada de mapeamento do fluxo de valor. Com isso é possível identificar onde se deve atuar prioritariamente. Essas ações de melhorias pontuais são tipicamente chamadas de “Kaizen“, uma palavra de origem japonesa que significa “mudar para o melhor“. No tempo original são as pequenas melhorias pontuais que vão elevando o nível de qualidade ao longo do tempo e mantendo um fluxo contínuo. Trazendo para o mundo ocidental são eventos tipicamente de cinco semanas nos quais fazemos projetos com foco na eliminação de desperdícios e o entendimento do valor agregado. Uma frase que resume muito bem a metodologia é: “Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje!” O Kaizen é uma estratégia para a melhoria contínua que ao longo do tempo garante competitividade e agregação de valor para os clientes.Os exemplos expostos acima abordam indústria manufatureira, mas um grande equívoco que se comete é pensar na filosofia Lean como exclusivamente apropriada a este segmento. Cuidado! Isto não é verdade! A filosofia Lean tem campo de aplicação em todos os negócios e em cada processo organizacional. Tão importante que Eric Ries escreveu em seu último livro “The Lean Startup”, onde aborda a importância de se entender a necessidade do cliente, focar naquilo que é necessário, eliminar desperdícios e otimizar o fluxo de caixa. Portanto, estamos levando em conta a qualidade total, melhoria contínua e busca por excelência. O Lean está fortemente enraizado no mercado de Tecnologia da Informação também que aliado a metodologias apropriadas de gestão agrega muito valor as entregas.

E qual o papel das pessoas nessa transformação?

A Filosofia Lean não é um programa de redução de custos ou um modelo tático de atuação na empresa, mas sim uma forma de pensar e agir para todas as pessoas da organização. Portanto, é mandatório um processo de transformação cultural, e isso independe do segmento de negócios. A chave aqui são as pessoas e o engajamento e valorização das mesmas neste processo! Com a ajuda do Lean Manufacturing, a meta do controle da qualidade é atingir a perfeição por meio da melhoria contínua. Nesse ponto, vale a pena falarmos do programa 5S. Esta filosofia, também chamada de 5 Sensos, tem o intuito de organizar e conscientizar todos os envolvidos da empresa para a limpeza e organização no local de trabalho de maneira lógica e eficaz.

É utilizado até hoje na maioria das empresas que possui a filosofia de combate ao desperdício. O nome 5S é derivado das iniciais de 5 palavras de origem japonesa:

  • Seiri: Seleção e descarte (Senso de Utilidade);
  • Seiton: Boa disposição e ordenação (Senso de Ordem);
  • Seiso: Limpeza e inspeção diária (Senso Zelo);
  • Seiketsu: Cuidar da saúde física, mental e emocional de forma preventiva (Senso Higiene);
  • Shitsuke: Manter os resultados obtidos por meio da repetição e da prática (Senso de Disciplina).

E aí, a organização em que você trabalha, utiliza o Lean? Se o faz, está fazendo da forma correta?

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Sobre o Autor

Ricardo Arruda
Ricardo Arruda

Meu propósito é explorar e desenvolver o potencial humano, provendo e facilitando um ambiente colaborativo com muitas oportunidades de aprendizado. Aqui você encontra conteúdo de qualidade sobre Coaching e Agilidade!

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