Pra começar nosso papo, duas perguntinhas:

  1. Quantas empresas você conhece (ou melhor, conheceu) que naufragaram por impactos causados pela pandemia, principalmente no início dela?
  2. Quantas empresas você conhece que no decorrer da pandemia demonstraram resiliência neste novo contexto e que cresceram pela capacidade de adaptação as mudanças de mercado?

Aqui ficam evidentes dois cenários diferentes: os que sucumbiram e os que se adaptaram! Eis a palavrinha mágica, quando falamos de agilidade, a capacidade de adaptação! E quando falamos do segundo grupo, os que foram resilientes, já remetemos ao significado literal da palavra, ou seja, a capacidade que uma pessoa ou entidade tem de se reinventar e continuar. Aqui vale um ponto de atenção: muitos acham que ser resiliente é manter-se firme mas sem mudar comportamentos e decisões, ou seja, repetir os mesmos erros ou manter algo que já não vai bem!

Dados estes dois cenários, como podemos transformar uma grande ameaça em novas oportunidades de negócios? Como várias empresas conseguiram responder rapidamente às mudanças e tendências deste mercado cada vez mais instável? Como estão se preparando os líderes e gestores para o enfrentamento dessas variáveis?

Não existe bala de prata, ou tão pouco uma receitinha pronta, mas com toda certeza, tudo começa na liderança bem preparada e alinhada a uma cultura disruptiva e flexível a mudanças.

E o que a Agilidade tem haver com tudo isso?

Tá bom Arruda, e o Ágil com isso? Ok, vamos ao ponto: Se você é um líder (independente do pipeline em que esteja inserido) e não conhece o Manifesto Ágil, tão pouco seu impacto em modelos de gestão, bora se atualizar!

Pensar e agir de forma Ágil é muito mais do que uma simples forma de fazer as coisas, mas sim uma forma de ser (Cultura) em ambientes maduros que buscam por diferenciais competitivos a partir do alto desempenho organizacional. Times ágeis primam pela consistência de seus comportamentos diante de valores importantes que se espera serem defendidos por uma liderança: Ética, Respeito, Confiança, Transparência, Colaboração, Coragem e Simplicidade.

A grande sacada: Business Agility

Grande parte dos líderes e gestores empresariais desconhecem o Manifesto Ágil ou se conhecem, acham que só é aplicável a TI, perdendo a oportunidade de fomentar uma transformação organizacional partindo destes princípios e valores. E tudo começa na cultura e comportamentos. Uma empresa é feita de seres humanos e o que ela produz é para seres humanos no fim das contas!

Falando em evolução do Pensamento Ágil temos alguns marcos importantes na história:

  • Anos 50 a 80: Surgimento dos princípios das metodologias e forte influência da filosofia Lean, vindo do Sistema Toyota de Produção;
  • Anos 90: Desenvolvimento das metodologias leves, aqui começamos a conhecer o Scrum, por exemplo;
  • 2001: Criação do Manifesto Ágil para o Desenvolvimento de Sofware

E após a formalização do Manifesto Ágil, temos basicamente três ondas da agilidade no contexto histórico:

  1. A partir de 2001: foco na Agilidade Operacional (times, processos e ferramentas) e Produtos;
  2. A partir de 2011: evolução para a Agilidade Organizacional (foco em outras áreas e agilidade em escala e nascimento de frameworks pra esse propósito);
  3. A partir de 2021: evolução para a Agilidade de Negócios (Business Agility) onde o foco está no cliente e no nível estratégico da organização.

Olha que coisa maluca! Tudo se iniciou com alguns princípios concebidos na década de 50, experimentações de metodologias nos anos 90, evoluindo a visão para níveis tático e operacional, e se conclui no topo, ou seja, no nível estratégico!

O termo Business Agility apareceu pela primeira vez em 2016, através do artigo “A terceira onda do Ágil”, escrito e publicado pela Solutions IQ. Neste artigo basicamente, se fala que a Agilidade é um movimento social composto por três ondas e cada uma destas ondas representa uma fase de desenvolvimento na prática da Agilidade, a forma como ela é disseminada e como isso mudou a natureza do movimento e o seu o alcance de influência.

Afinal, o que é Business Agility?

Antes te qualquer decrição bonita ou acadêmica cheia de buzzwords, vamos entender alguns pontos:

  • Primeiro: O mundo é muito dinâmico e agora cada vez mais ele se torna complexo. Complexidade no ponto de vista de incertezas, dadas as instabilidades de mercado, novas tendências surgindo a cada instante, mudanças de comportamento e de consumo e o posicionamento das empresas, o que gera um fenômeno de balizamento entre elas. Algumas começaram a se dar muito bem em ambientes de incerteza enquanto outras se deram muito mal. Isso basicamente define o que é agilidade de negócios, onde por natureza, a empresa se adapta melhor a ambientes incertos, por simplesmente abraçar a incerteza como algo natural.
  • Segundo: Inovar não significa mais ser competitivo, o que vai mudar o jogo é a forma como sua organização, seu time e o seu produto se posicionam no mercado e o quanto adaptativos são diante de tantas mudanças, mudanças essas rápidas e constantes. Aqui falo de comportamentos, dores e necessidades diferentes que surgem e a velocidade dessa adaptação. Empresas que dão certo, conseguiram habilitar a sua capacidade de inovação rápida.
  • Terceiro: agilidade não é entregar rápido, mas sim diz respeito a alta adaptabilidade, ou seja, mudar de direção rapidamente sem perder o foco. Isso é ser ágil! Conseguir se adaptar ao contexto a qualquer momento, coletar aprendizados, experimentar e validar hipóteses para evoluir os negócios com tais aprendizados.

“Se não consegue lidar com incertezas, você não consegue lidar com crescimento!” – Do livro Happy Sexy Millionaire, de Steven Bartlett

Dados os pontos acima, a definição mais clara para Business Agility é capacidade de uma empresa em responder rapidamente à mudanças, potencializando o Time to Market e a Entrega de Valor com foco no Cliente. É uma área do conhecimento que abrange todos os aspectos da organização, passando por temas como relacionamento com o cliente, parcerias de negócios, operações e infraestrutura, liderança, estratégia, portfólio e governança, bem como cultura, gestão, integração das áreas e muito mais.

Business Agility se faz com Líderes Ágeis prepadados

A existência do Business Agility em uma empresa depende da coerência e consistência das ações estratégicas e tem relação direta com o modo de ser, agir e fazer dos líderes e gestores, desdobrando em todos os pipelines da organização. Alguns pontos a se refletir no que se refere ao preparo dos líderes em sua empresa para este movimento:

  • Os líderes orientam e alinham suas entregas a uma proposta de valor, propiciando um ambiente colaborativo entre todas as partes, fomentando também a transparência e melhoria contínua?
  • Se a resposta da pergunta acima é SIM, você tem evidências para comprovar?
  • Quantos dos seus líderes estão preparados para enfrentar estes desafios?
  • Como estes líderes e gestores estão sendo preparados no tema Business Agility?
  • Como estes líderes e gestores multiplicam essa cultura e conceitos?
  • Como as abordagens Lean Agile e escala tem sido tratadas em sua organização?
  • A área de Tranformação e Agilidade tem autonomia e isenção em sua empresa? Tem o patrocínio e abertura para propor mudanças estruturais e acesso a todas as áreas?
  • É viável desenvolvê-los em tempo hábil para atender as necessidades de aceleração dos resultados da empresa?
  • A empresa está pronta pra esse movimento?

Se as respostas para as perguntas acima foram positivas, que tal preparar líderes de negócio (Agile Business Owner®) em sua organização, para disseminar essa cultura organizacional? É um papel extremamente estratégico e visa a disseminação de tal cultura na organização, desenvolvendo novas capacidades organizacionais baseadas em abordagens Lean, Ágil e escalabilidade.

Benefícios do Business Agility

Falamos bastante, na verdade estressamos os aspéctos relacionados ao propósito de se ter Business Agility. Mas quais são os benefícios que uma organização pode obter com essa abordagem? Aqui vai alguns:

  • Entrega de valor, com foco no usuário potencializam o sucesso em vendas;
  • Processos mais eficientes com menos desperdício e entrega mais rápida;
  • Pessoas trabalhando colaborativamente eliminam desperdícios e entregam mais valor;
  • Pessoas mais produtivas e que colaboram trabalham mais felizes;
  • Possibilita acompanhar o universo da Transformação Digital e sair na frente dos concorrentes;
  • O conceito de Customer Centric, garante experimentação e uma entrega mais adequada a necessidade do cliente;
  • Cultura que permite a experimentação, recebimento de feedback e desenvolvimento incremental de produtos e serviços;
  • Os colaboradores em todos os níveis da organização possuem poderes suficientes para tomar decisões nas atividades em que estejam trabalhando.
  • Os objetivos da empresa estão transparentes e claros para todos os colaboradores.
  • Equipes Engajadas e Seguras, pois as soluções são criadas de forma colaborativa e os colaboradores da organização podem expor suas opiniões, mesmo que divergentes, já que os debates são encorajados.
  • Aprendizado Rápido e Constante, pois se incentiva a a construção de MVP ou protótiposcom ciclos de feedbacks rápidos para construir um novo produto ou serviço, e desta forma a organização consegue descobrir as reais necessidades dos clientes ou do mercado.

“As lideranças adaptativas, em seus núcleos, compreendem que criar uma visão clara do futuro, experimentar rapidamente, encontrar novas medidas de triunfo e envolver clientes são componentes-chave do sucesso.” – Jim Highsmith

Como fazer? Por onde começar?

Beleza! Adaptar-se rápido! Mas como fazer essa adaptação? Como busco isso?

Quem ganha o jogo aqui são as organizações que aprendem mais rápido! O grande lance tá aí! Se analisarmos empresas como Amazon, Netflix, Google, Apple entre outras gigantes, o que elas tem em comum? O diferencial delas é que aprendem muito rápido o que seus perfis de clientes precisam, e isso possibilita um processo de descoberta e experimentação muito mais rápidos, ou seja, a validação de hipóteses se dá muito rapidamente, tornando a inovação como consequência e algo natural nestes ecossistemas.

Esse aprendizado vem para potencializar essa relação, quem aprende rápido sobre os seus diferentes perfis de clientes, mais assertivo é na construção de propostas de valor com serviços e produtos que estejam alinhados a essas oportunidades. E para que essa equação dê certo, não tem outro caminho a não ser esse: feedbacks! Aqui falamos de ciclos menores de entregas, e feedbacks contínuos, e com o tempo você “começa a acertar” o que o seu cliente está buscando e o que o seu produto ou serviços precisam ter. Quando coloco aspas na palavra “começa”, quero dizer que erros fazem parte desse processo de aprendizado.

O Business Agility não fala somente da aplicação de métodos ágeis, mas da orquestração disso em um ambiente estratégico da organização, e isso precisa ser desdobrado para o tático e operacional, proporcionando a cultura de aprendizado contínuo, quebra de cilos, colaboração entre as pessoas e áreas, e aqui temos outra palavrinha mágica: integração!

Aprenda com os feedbacks, e tenha uma estratégia de longo prazo, com uma operacionalização de entregas em ciclos curtos e incrementais, gerando esse aprendizado, gerando a adaptação natural as situações diversas e incertezas, e terá a inovação natural, terá a competividade e posicionamento diferenciado no mercado. Isso é ter Agilidade de negócios, isso é ter Business Agility! Não é mágica, é cultura! Utilizar-se do pensamento sistêmico e do filosofia Lean, apropriar-se de práticas ágeis incorporadas a todas as áreas da organização, fomentar a colaboração, e sobretudo um ambiente seguro ao erro. Sim, o aprender rápido necessariamente nascerá do errar, mas errar rápido. Equação simples: Erra rápido, aprende rápido, corrige a rota e segue!

Business Agility é para os grandes, para quem quer ser grande, e pra quem pensa grande, é estratégia de longo prazo! Os objetivos e metas da empresa precisar ser compartilhando com todas ás áreas e níveis hierárquicos da empresa, de forma transparente, isso gera senso de pertencimento e engajamento das pessoas, legitima a cultura colaborativa que se quer alcançar. O foco no empoderamento de seus times e uma cultura forte de auto-organização ao invés do velho comando e controle vem sendo moldados e é comprovadamente o caminho certo a seguir. O Business Agility ajuda as pessoas a trilhar os seus próprios caminhos e levar esses valores e modelos de gestão para todas as esferas da companhia, tornando-se competitiva, adaptável e “esperta” quanto aos aprendizados e oportunidades!

Não se esqueça! Ser ágil e fazer ágil são coisas diferentes e precisam se complementar:

  • Fazer Ágil: Executar Cerimônias, implementar papéis, seguir processos;
  • Ser Ágil: Mudança de mindset, discutir papéis, entender contexto, melhoria contínua.

A junção das duas abordagens acima, resulta em:

  1. Maior satisfação dos clientes;
  2. Maior satisfação da equipe;
  3. Maior produtividade.

No próximo artigo falarei mais em detalhes sobre algo que mencionei bastante por aqui: o Design da Proposta de Valor. Aguarde!

E aí, me conta! A empresa em que está segue este movimento? É uma empresa orientada pela Agilidade de Negócios (Business Agility)? O que falta? Deixe seus comentários!

Forte abraço e até a próxima!

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Sobre o Autor

Ricardo Arruda
Ricardo Arruda

Meu propósito é explorar e desenvolver o potencial humano, provendo e facilitando um ambiente colaborativo com muitas oportunidades de aprendizado. Aqui você encontra conteúdo de qualidade sobre Coaching e Agilidade!

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